quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Brejeira minha e emaranhada - Pablo Neruda


































Me falta tempo para celebrar teus cabelos.
Um por um devo contá-los e louvá-los:
outros  amantes querem viver com certos olhos,
eu só quero ser penteador de teus cabelo.

Na Itália te batizaram Medusa
Pela encrespada e alta luz de tua cabeleira.
Eu te chamo brejeira minha e emaranhada:
Meu coração conhece as portas de teu pelo.

Quando tu te extraviares em teus próprios cabelos,
não me esqueças , lembra-te  que te amo,
não me deixes perdido ir sem tua cabeleira

pelo mundo sombrio de todos os caminhos
que só tem sombra, transitórias dores,
até que o sol suba à torre de teu pelo.


(Pablo Neruda)

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