quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Satélite - Manuel Bandeira






























poema selecionado por alunos do oitavo ano, a partir de leitura coletiva de poemas de Manuel Bandeira, Pablo Neruda e Fernando Pessoa.






Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.

Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.

O impossível carinho - Manuel Bandeira

























poema selecionado por alunos do oitavo ano, a partir de leitura coletiva de poemas de Manuel Bandeira, Pablo Neruda e Fernando Pessoa.

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado

As mais puras alegrias de tua infância!

Manuel Bandeira




 Filho do engenheiro Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de sua esposa Francelina Ribeiro. No Rio de Janeiro, para onde viajou com a família, em função da profissão do pai, engenheiro civil do Ministério da Viação, estudou no Colégio Pedro II (Ginásio Nacional, como o chamaram os primeiros republicanos).
Em  1904 terminou o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na  escola Politécnica de São Paulo, que interrompeu por causa da tuberculose. Para se tratar buscou repouso em  Campanha, Teresópolis e Petrópolis. Com a ajuda do pai que reuniu todas as economias da família foi para a  Suíça, onde esteve no Sanatório de Clavadel, onde permaneceu de junho de  1913 a outubro de 1914, onde teve como colega de sanatório o poeta  Paul Eluard. Em virtude do início da Primeira Guerra Mundial, volta ao Brasil. Ao regressar, iniciou na literatura, publicando o livro "A Cinza das Horas", em 1917, numa edição de 200 exemplares, custeada por ele mesmo. Dois anos depois, publica seu segundo livro, "Carnaval".

o jovem poeta

Em 1935, foi nomeado inspetor federal do ensino e em 1936, foi publicada a “Homenagem a Manuel Bandeira”, coletânea de estudos sobre sua obra, assinada por alguns dos maiores críticos da época, alcançando assim a consagração pública. De 1938 a 1943, foi professor de literatura no Colégio D. Pedro II, e em 1940, foi eleito membro da  Academia Brasileira de Letras. Posteriormente, nomeado professor de Literaturas Hispano-Americanas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, cargo do qual se aposentou, em 1956.

Bandeira trajando o Fardão da Academia Brasileira de Letras

Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de 1968, com hemorragia gástrica, aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no túmulo 15 do mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.




Fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira

Brejeira minha e emaranhada - Pablo Neruda


































Me falta tempo para celebrar teus cabelos.
Um por um devo contá-los e louvá-los:
outros  amantes querem viver com certos olhos,
eu só quero ser penteador de teus cabelo.

Na Itália te batizaram Medusa
Pela encrespada e alta luz de tua cabeleira.
Eu te chamo brejeira minha e emaranhada:
Meu coração conhece as portas de teu pelo.

Quando tu te extraviares em teus próprios cabelos,
não me esqueças , lembra-te  que te amo,
não me deixes perdido ir sem tua cabeleira

pelo mundo sombrio de todos os caminhos
que só tem sombra, transitórias dores,
até que o sol suba à torre de teu pelo.


(Pablo Neruda)

Fernando Pessoa


Às três horas e vinte e quatro minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nasce em Lisboa Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar direito do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente à ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos). De famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e materno, o pai, Joaquim de Seabra Pessoa(38), natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do Diário de Notícias. A mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), era natural dos Açores. Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental, e duas criadas velhas, Joana e Emília.
As suas infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de1893, o pai morreu, com 43 anos, vítima de  tuberculoso. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano.
Fernando Pessoa aos seis anos de idade


A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período que surgiu o primeiro heterônimo de Fernando Pessoa,  Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterônimos  Ainda no mesmo ano, escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã. A mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban ( África do sul), que havia conhecido um ano antes. Em África, onde passa a maior parte da juventude e recebe educação inglesa, Pessoa viria a demonstrar desde cedo talento para a literatura.
Padrasto e mãe de Fernando Pessoa

Em razão do casamento, viaja com a mãe para Durban, acompanhados por um tio-avô, Manuel Gualdino da Cunha, que voltaria para Lisboa no mês seguinte. Viajam no navio Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança. Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas da West Street, onde fez a primeira comunhão, e percorre em dois anos o equivalente a quatro.
Em 1899 ingressa no  Liceu de Durban, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o pseudônimo  Alexander Search através do qual envia cartas a si mesmo. No ano de 1901, é aprovado com distinção no primeiro exame Cape School High Examinatione escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã Madalena Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal, para um ano de férias. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da irmã. Em Lisboa, mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º 109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a família à  Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna. Deslocam-se também a  Tavira para visitar os parentes paternos. Nessa época, escreve o poema  Quando ela passa.
Tendo de dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propicia momentos de reflexão.
Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos — mãe, padrasto, irmãos e criada Paciência, que viera com ele — regressam a Durban. Volta sozinho para a África no vapor Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School, escola comercial de ensino noturno  enquanto de dia estuda as disciplinas humanísticas para entrar na universidade. Nesse período, tenta escrever  contos em inglês, alguns dos quais com o pseudônimo de David Merrick, que deixa inacabados. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame de admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize (Prémio Rainha Vitória). Um ano depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em inglês, surgindo os heterônimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no jornal do liceu um ensaio crítico intitulado Macaulay. Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul com o Intermediate Examination in Arts, na Universidade, obtendo uma boa classificação.
Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A mãe e o padrasto regressam também a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em inglês e, em 1906, matricula-se no  Curso superior de letras (atual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contato com importantes escritores portugueses. 
Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor, que rapidamente vai à falência. A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa atividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.
Inicia a sua atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada, a que se seguiriam Reincidindo… e A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico publicados em 1912 pela revista  A Águia, órgão da  Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adotivo,  o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no Café  A Brasileira, em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o  Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores.
Em 1915 participou na revista literária  Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterônimo  Álvaro de Campos. No segundo número da    Orpheu, Pessoa assume a direção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro.
Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a  revista Athena, na qual fixou o drama em gente dos seus heterônimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortônimo Fernando Pessoa.
Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com diagnóstico de "cólica hepática" causada por cálculo biliar associado a  cirrose hepática, diagnóstico que é hoje contestado por estudos médicos, embora o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida seja consensualmente considerado como um importante fator causal. Segundo um desses estudos, Pessoa não revelava alguns dos sintomas mais típicos de cirrose hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma pancreatite aguda. Morreu no dia 30 de Novembro, com 47 anos de idade. Sua última frase foi escrita na cama do hospital, em inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935: "I know not what tomorrow will bring" ("Não sei o que o amanhã trará").

FONTE:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

Pablo Neruda



Pablo Neruda:

Nome de batismo: Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nascido em Parral, 12 de Julho de 1904 e falecido em Santiago, 23 de Setembro de 1973; foi um poeta chileno premiado com o Nobel de Literatura de 1971, um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934-1938) e no México.

Neruda era filho de José Del Carmen Reyes Morales, operário ferroviário, e de Rosa Basoalto Opazo, professora primária, morta quando Neruda tinha um mês de vida.

Em 1906 o pai se transferiu para Temuco, onde se casou com Trinidad Candia Marverde, que o poeta menciona em diversos textos, como "Confesso que vivi" e "Memorial de Ilha Negra", como o nome de Mamadre. Estudou no Liceu de Homens dessa cidade, e ali publicou seus primeiros poemas no periódico regional "A Manhã". Em 1919 obteve o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule com o poema Noturno Ideal.

Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile, obtendo o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", publicado posteriormente na revista Juventude. Em 1923 publica Crespusculário, que é reconhecido por escritores como Alone, Raul Silva Castro e Pedro Prado. No ano seguinte aparece pela Editorial Nascimento seus "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada", no que ainda se nota uma influência do modernismo. Posteriormente se manifesta um propósito de renovação formal de intenção vanguardista em três breves livros publicados em 1936: O habitante e sua esperança; Anéis (em colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito.

Em 1927 começa sua longa carreira diplomática quando é nomeado cônsul em Rangum, Birmânia. Em suas múltiplas viagens conhece em Buenos Aires Federico Garcia Lorca e em Barcelo Rafael Alberti. Em 1935, Manuel Altolaguirre entrega a Neruda a direção da revista "Cavalo verde para a poesia" na qual é companheiro dos poetas da geração de 27. Nesse mesmo ano aparece a edição madrilena de "Residência na terra".

Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola: Neruda é destituído do cargo consular e escreve "Espanha no coração"

Em 1945 é eleito senador e obtém o Prêmio Nacional de Literatura.

Em 1950 publica "Canto Geral", em que sua poesia adota intenção social, ética e política. Em 1952 publica «Os Versos do Capitão» e em 1954 «As uvas e o vento» e «Odes Elementares».

Em 1953 constrói sua casa em Santiago apelidada "La Chascona" para se encontrar clandestinamente com sua amante Matilde, a quem havia dedicado a obra «Os Versos do Capitão». A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso. "La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. Recebeu o Prêmio Lênin da Paz.


Em 1965 lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha.

Em outubro de 1971 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973, de câncer na próstata. Postumamente foram publicadas suas memórias em 1974, com o título "Confesso que vivi" .

Em 1994 um filme chamado Il Postino (também conhecido como O Carteiro e O Poeta ou O Carteiro de Pablo Neruda no Brasil e em Portugal) conta sua história numa ilha na Itália com sua terceira mulher Matilde. No filme Neruda torna-se amigo de um carteiro que lhe pede para ensinar a escrever versos (para poder conquistar uma bonita moça do povoado).

Durante as eleições presidenciais do Chile nos anos 70, Neruda abriu mão de sua candidatura para que Salvador Allende vencesse, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa que, a seu ver, poderia ocorrer com o socialismo.

Obra:

Crepusculario. Santiago, Ediciones Claridad, 1923. 
Veinte poemas de amor y una canción desesperada. Santiago, Nascimento, 1924. 
Tentativa del hombre infinito. Santiago, Nascimento, 1926. 
El habitante y su esperanza. Novela. Santiago, Nascimento, 1926. (prosa) 
Residencia en la tierra (1925-1931). Madrid, Ediciones del Arbol, 1935. 
España en el corazón. Himno a las glorias del pueblo en la guerra: (1936- 1937). Santiago, Ediciones Ercilla, 1937. 
Tercera residencia (1935-1945). Buenos Aires, Losada, 1947. 
Canto general. México, Talleres Gráficos de la Nación, 1950. 
Todo el amor. Santiago, Nascimento, 1953. 
Odas elementales. Buenos Aires, Losada, 1954. 
Nuevas odas elementales. Buenos Aires, Losada, 1955. 
Tercer libro de las odas. Buenos Aires, Losada, 1957. 
Estravagario. Buenos Aires, Losada, 1958. 
Cien sonetos de amor (Cem Sonetos de Amor). Santiago, Ed. Universitaria, 1959. 
Navegaciones y regresos. Buenos Aires, Losada, 1959. 
Poesías: Las piedras de Chile. Buenos Aires, Losada, 1960. 
Cantos ceremoniales. Buenos Aires, Losada, 1961. 
Memorial de Isla Negra. Buenos Aires, Losada, 1964. 5 vols. 
Arte de pájaros. Santiago, Ediciones Sociedad de Amigos del Arte Contemporáneo, 1966. 
Fulgor y muerte de Joaquín Murieta. Bandido chileno injusticiado en California el 23 de julio de 1853. Santiago, Zig-Zag, 1967. (obra teatral) 
La Barcaola. Buenos Aires, Losada, 1967. 
Las manos del día. Buenos Aires, Losada, 1968. 
Fin del mundo. Santiago, Edición de la Sociedad de Arte Contemporáneo, 1969. 
Maremoto. Santiago, Sociedad de Arte Contemporáneo, 1970. 
La espada encendida. Buenos Aires, Losada, 1970. 
Discurso de Stockholm. Alpigrano, Italia, A. Tallone, 1972. 
Invitación al Nixonicidio y alabanza de la revolución chilena. Santiago, Empresa Editora Nacional Quimantú, 1973. 
Libro de las preguntas. Buenos Aires, Losada, 1974. 
Jardín de invierno. Buenos Aires, Losada, 1974. 
Confieso que he vivido. Memorias. Barcelona, Seix Barral, 1974. (autobiografía) 
Para nacer he nacido. Barcelona, Seix Barral, 1977. 
El río invisible. Poesía y prosa de juventud. Barcelona, Seix Barral, 1980. 
Obras completas. 3a. ed. aum. Buenos Aires, Losada, 1967. 2 vols. 



sábado, 19 de outubro de 2013

ARIESPHINX


Poesia selecionada por alunos do oitavo ano a partir de atividade de leitura coletiva de obras de Manuel Bandeira, Pablo Neruda e Fernando Pessoa.


 Montanha e chão. Neve e lava,
Humildade da umidade.
Quem disse que eu não te amava?
Amo-te mais que a verdade.

E de resto o que é a verdade?
E de resto o que é a poesia?
E o que é, nesta guerra fria,
Qualquer pura realidade?

Então, tão-só no passado
Quero situar o meu sonho.
Faço como tu e, mudado
Em ariesphinx, sotoponho

O leão ao manso carneiro.
Doçura de olhos de corça!
Doçura, divina força

De Jesus, de Deus cordeiro.

Manuel Bandeira

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Pátria amada Brasil- Relatório de encontros




Em nossos últimos encontros,  temos conversado  sobre as questões sociais e politicas do nosso país. Apesar de amarmos nosso país e reconhecermos que esse é certamente um bom lugar para se viver, muitos aspectos negativos foram levantados. Entre nós assim como entre a maior parte da população brasileira há uma grande insatisfação gerada por inúmeros problemas sociais, listamos em nosso encontro aqueles que julgamos serem os mais graves:
·          Corrupção em diversas esferas públicas
·          Altos salários e benefícios abusivos a parlamentares e demais políticos
·          Impunidade aos crimes praticados por políticos
·          Saúde e educação precários e ultrajantes
·          A existência de atos de vandalismo nas manifestações populares e violência policial
·          Investimentos supérfluos com o dinheiro público
·          Alta criminalidade e violência

 Sabemos que o Brasil é um país repleto de recursos  e riquezas mas que a má distribuição dessas entre a sua população produz mazelas sociais como a violência, a miséria, a falta de acesso a justiça, condições de vida absurdamente precárias e inaceitáveis  para a população de um país com tamanho potencial .
Assistimos a dois vídeos que trouxe informações importantes sobre a questão tributária e os excessos de benefícios destinados a pessoas que exercem cargos políticos, que você pode ver acessando os links:
São tantas coisas importantes sendo conduzidas de modo errado e imoral, que surgiu entre nós a dúvida sobre ser possível ou não produzir mudanças positivas a essa realidade. Embora alguns de nós pense não haver formas de melhorar, a maioria entende que as mudanças são possíveis e já estão a caminho, construídas pelas manifestações populares que tem ocorrido. Conquistas importantes como a não efetivação da proposta de emenda constitucional 37_  um projeto legislativo brasileiro que se aprovado, limitaria o poder de investigação criminal a polícias federais e civis, retirando-o de, entre outras organizações o ministério público ( saiba mais em  http://pt.wikipedia.org/wiki/PEC_37 ) _ foram alcançadas por meio da participação popular em passeatas, abaixo assinados e outros meios de manifestações.

A partir dessa nossa conversa os alunos estarão escrevendo textos sobre essas questões, e principalmente,  sobre a forma como cada um enxerga a atual situação sócio-política do nosso país e quais ações podem viabilizar soluções para os problemas que apontamos, que serão publicados aqui.

Acompanhem e façam suas próprias reflexões sobre qual o papel de cada um de nós para construirmos um país realmente melhor para todos.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Frases – Momento da beleza por Henrique Lima




“O que você tem todo mundo pode ter, mas o que você é ninguém pode ser.”


“Hoje poderia ser como a gente sempre quis, você me ama e me ensina a ser feliz!”



“A vida é minha, mas o coração é seu. O sorriso é meu , mas o motivo é você.”


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bazinga - História improvisada


A história a seguir  foi criada pelos alunos do oitavo ano B da escola Mappe, através de uma brincadeira chamada “história improvisada” , as palavras destacadas em vermelho foram sorteadas em um conjunto de palavras que escrevemos para  inserir na narrativa. (Você pode saber mais sobre essa atividade acessando o Link :
Acompanhe o Alienados da leitura, para saber mais sobre o vírus mutante que transforma as pessoas em zumbi, o triângulo amoroso entre Sérgio sua esposa e Luan Santana, e  muitas outras histórias que irão surgir por aqui...




Sérgio era um excelente otorrinolaringologista e tinha muita paixão por olhos ouvidos e garganta. Certo dia entrou no consultório dele uma moça sem voz, ele  fez um encantamento para curar a voz dela dando amoras para ela comer.
Então a esposa do Sérgio chegou ao consultório, viu o encantamento e ficou com ciúmes, iniciando uma briga e jogando objetos para todos os lados. Ela ficou louca, pegou a guitarra e começou a tocar rock n’ roll.  Quando se cansou de tocar rock  começou a zoar o homem, que ficou injuriado e  disse:  Bazinga.
 Eles voltaram a brigar e a mulher do Sérgio disse que tinha um amante que se chamava Luan Rafael Domingos Santana, e que o amante havia lhe dado o céu e o mar pra roubar o coração dela. Após descobrir que a mulher tinha um amante jogou-a na parede e bateu nela, após a briga eles se separaram e como ele sentiu falta dela  resolveram  se encontrar e em um  jantar  reataram a amizade, e foram comer um abacaxi.   Então sentiu se encantar pela mulher novamente, depois que saíram do restaurante, foram embora num Opala. Pararam numa sorveteria e comeram uma banana Split, Sérgio tentou seduzir a mulher enquanto comia a banana. Ela sentiu raiva ao ver aquela cena e resolveu cancelar a banana Split e pedir um chocolate. Ela saiu da sorveteria e caiu de joelho no chão e quebrou a boca, em consequência disso a humanidade virou zumbi, pois  ela sangrou e no sangue que escorreu pela calçada havia um vírus mutante.

         Então ele pegou um paralelepípedo para matar zumbis e o sangue dos zumbis parecia sorvete. Apareceu um urso e atacou todos os zumbis. Os sobreviventes que não estavam infectados pelo vírus adotaram um jacaré para matar os zumbis, o jacaré levantou para comer os zumbis viu que tinham muitas morenas, então desistiu de comer os zumbis e saiu com as morenas passeando no parque.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Aliens na leitura - Relatório de encontro



Na manhã de 15/08/2013 criamos esse espaço, já havíamos conversado sobre ele no encontro anterior com a professora Angela Fakir que apresentou o  projeto Literarte ( veja mais em http://alienadosdaleitura.blogspot.com.br/2013/08/texto-transcrito-da-proposta-inicial-do.html  ).
Nesse primeiro momento, conversamos sobre o quanto a arte literária é especial à medida que nos proporciona uma conversa com o nosso interior. Quando lemos nosso pensamento cria livremente.  Por isso chegamos a conclusão naquela nossa conversa que a literatura é uma arte livre, por conta de ser uma arte que não vem pronta ela acaba de acontecer na imaginação e no pensamento da gente. E, sabemos que por mais que haja opressão e amarras de todos os tipos o pensamento sempre pode ser livre. Naquele dia não conseguimos criar o blog como nossos colegas das outras turmas, tivemos algumas dificuldades com a conexão da internet por isso fizemos isso uma semana depois.
Batizamos o blog de Alienados da leitura não por que estamos alheios à realidade, mas por que esse espaço vai ser tão bom, nossas leituras, artes e escritos serão uma coisa de outro mundo, de modo que não ficaremos surpresos se até os aliens se entusiasmem pela literatura...


quinta-feira, 15 de agosto de 2013


*texto transcrito da proposta inicial do projeto Literarte


 INTRODUÇÃO


... A literatura pode ser entendida como uma expressão artística, a arte das palavras. Como uma manifestação de sentimentos, sensações, impressões, e como a expressão lírica de um artista da palavra. Ela provoca deleite...” (PARREIRAS, NINFA., 2009) 
                Segundo PARREIRAS (2009), a Literatura pode ser entendida enquanto expressão artística, capaz de como tal provocar sensações, trazer o deleite, a autora ressalta uma característica importante que distingue a arte literária das demais. A literatura é arte que impõe ao leitor um pré-requisito, uma condição. Para essa arte há que se ter a compreensão de um código. É necessário ser alfabetizado.
                Dessa forma o contato da criança com a literatura passa pelo intermédio de um adulto. Quer seja na ação de ler, quando os pequenos ainda não são alfabetizados, quer seja para viabilizar o acesso da criança ao livro, e consequentemente irá influenciar o processo de formação de leitores a medida que a criança cresce e se desenvolve.
                O projeto Literarte tem por objetivo fundamental promover o encontro dos participantes com essa arte de maneira lúdica, possibilitando que a linguagem escrita  e a literatura seja apresentada como manifestação artística que é. Daí o nome do projeto mesclar as palavras Literatura e arte em um neologismo. Queremos mostrar que adentrar ao universo literário pode ser tão prazeroso quanto uma brincadeira, que muito mais que uma ferramenta para aprendizagem a linguagem escrita é também linguagem artística, capaz de nos tocar e despertar em nós alegrias e afetos.
                Sabemos que, em linhas gerais, a literatura desempenha um papel importante no sentido de desalienar a leitor, contribuindo para o desenvolvimento de criticidade fundamental ao exercício de cidadania capaz de gerar o enfrentamento as mazelas sociais presentes em nossa realidade. Nessa proposta, o caminho que a linguagem escrita deverá percorrer é uma forma de interagir, e não meramente a análise vazia de um conjunto de informações a cerca do texto lido.
   Acredito que educadores munidos da vontade de promover o desenvolvimento de um vínculo afetivo entre alunos e diferentes formas de linguagens artísticas podem realmente leva-los a ampliarem e aproximarem seus olhares para a literatura e para a arte de um modo geral. Transformando-os em leitores e escritores, dotados de criticidade, aptos a percepção do belo, hábeis em comunicar-se. Capazes de tocar e modificar o mundo a sua volta.
Esse documento pretende expor uma proposta inicial de atividades, a serem desenvolvidas em prol do processo de formação de leitores competentes entre os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental matriculados na instituição Moderna Associação Pontaporanense de Ensino (Mappe).
 Cabe expressar que o projeto é para os alunos e realizado a partir da participação dos mesmos, da escola e da interação com a comunidade escolar como um todo, permitindo dessa forma, passar por alterações para se adequar a vontade e realidade dos envolvidos, a fim de trazer uma melhor experiência aos participantes promovendo a oportunidade de desenvolver habilidades e construção de conhecimentos da linguagem escrita a medida em que se crie um vínculo afetivo dos mesmos com o universo literário e das artes visuais. Entendendo vínculo afetivo apropriando-se do conceito de afetividade formulado por Wallon de que segundo GALVÃO “afetividade é a capacidade e a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a tonalidade agradáveis e desagradáveis.” (GALVÃO, I. 1993).

OBJETIVOS
Para tornar os alunos bons leitores - para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a ‘aprender fazendo’. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente (BRASIL, 1997, p. 43). 
 Para desenvolver o hábito da leitura, entre outras coisas, há que se estabelecer um vínculo afetivo, há que se gostar de ler. Existe uma fala comum entre educadores e pessoas em geral de que essa geração de crianças não está desenvolvendo o hábito de ler e já se encontram inseridos no ambiente tecnológico cada vez mais cedo. Tecnologias de comunicação tem se tornado cada vez mais acessíveis, crianças aprendem a usar celulares e computadores muito cedo, antes inclusive de serem alfabetizadas. As facilidades que essas máquinas e a internet nos propiciam hoje podem ser importantes ferramentas para o dia a dia, e na escola não seria diferente, o uso de computadores está cada vez mais inserido no ambiente escolar, como um instrumento facilitador do aprendizado.
Além disto, o modo de produção e cultura de consumo nos quais estamos inseridos cria um cotidiano acelerado que acaba por gerar uma crescente escassez de tempo livre. A exigência de uma administração do tempo no intuito de se cumprir as tarefas e compromissos assumidos para se “ganhar a vida” acaba por se mostrar um fator excludente do hábito de ler na rotina dos adultos. Sabemos que o hábito da leitura pode ser passado de uma geração a outra através do exemplo, se a criança é estimulada desde a infância para a leitura, seja por ouvir histórias, ter acesso a livros e demais veículos da linguagem escrita ou ver adultos praticando a leitura como ato prazeroso, terá potencial para se tornar um leitor.
Dessa forma, uma vez que os adultos com os quais as crianças convivem, geralmente, não possuem o hábito de ler nem demonstram qualquer familiaridade com a arte literária o surgimento do contato com a linguagem escrita acaba muitas vezes acontecendo tardiamente, à medida que esse contato vem constantemente sendo transferido para a escola de maneira praticamente exclusiva.
 Assim, o espaço destinado à linguagem escrita na vida das crianças acaba sendo restrito e limitado aos interesses da aprendizagem no ambiente escolar, um espaço infinitamente menor do que essa linguagem pode ocupar na formação e na vivência de cada individuo. 
MELLO (2010) aponta que “Apesar das iniciativas de pesquisa desenvolvidas no Brasil desde a década de 1980, o panorama brasileiro na área da leitura literária ainda é de desencanto. De acordo com dados do Ministério da Cultura, o brasileiro lê apenas 1,8 livros per capita/ano, índice que, se comparado com países europeus, ou mesmo com vizinhos latino-americanos, como a Colômbia, com 3,4 livros por ano por habitante, revela o quanto estamos aquém do mínimo desejável. De fato, as crianças passam pelas nossas escolas e, do ponto de vista do interesse pela literatura, em certos casos saem piores do que entraram, pois, quando chegam as primeiras series, demonstram um fascínio pela leitura, que diminui na proporção inversa da escolarização da literatura; quando deixam o Ensino Fundamental, já não soa estranho ouvir dizerem que não gostam de ler...”.
       Os últimos resultados da prova ABC (http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/alfabetizacao-745002.shtml) demonstram algo que os educadores em geral já sabem por presenciarem no cotidiano escolar: o fato de muitas crianças brasileiras não estarem atingindo o desenvolvimento esperado para suas idades e estágios de desenvolvimento cognitivo. De acordo com o PANAIC (pacto nacional pela alfabetização na idade certa), toda criança brasileira deve estar plenamente alfabetizada ao alcançar a idade de oito anos, ao final do terceiro ano do ensino fundamental. A prova ABC, no entanto, indica que mais da metade das crianças no Brasil não sabem ler e escrever adequadamente. Embora nessa idade muitas crianças sejam capazes de identificar letras, sílabas e palavras, em muitas vezes falta-lhes dominar as habilidades necessárias para estarem plenamente alfabetizadas como:
Na leitura
-identificar o tema do texto;
-localizar informações explícitas e entender  informações implícitas;
-identificar diferentes personagens;
-estabelecer relações de causa consequência explícitas no texto;
E, na escrita
-relacionar informações verbais e não verbais na leitura
- adequação ao tema e gênero textual solicitado;
-organização lógica entre as partes o texto e adequação ao registro escrito, ainda que com desvios de ortografia, vocabulário e pontuação.

Atividades que apresentem o ato de ler como algo positivo e agradável, ao invés de mera obrigação necessária a aprendizagem só tem a contribuir a mudança desse quadro no caminho de se formar uma relação diferente da que se apresenta atualmente entre os alunos e a linguagem escrita.
E, não se trata de estabelecer aqui relações de culpas ou elencar responsáveis pelo atual cenário brasileiro no que diz respeito aos processos que podem levar a formação de leitores. Antes sim, faço uso dessa reflexão para chegar a um entendimento _ que justifica e impulsiona o desenvolvimento desse projeto _ de que se buscamos, enquanto educadores, promover uma prática docente que vise a educação integral  a fim de formar indivíduos capazes de exercer cidadania e construir novos e melhores arranjos sociais urge que nossas ações no cotidiano escolar ultrapasse os limites da mera transmissão de conhecimentos úteis a formação de mão de obra mais ou menos qualificada e alcance um patamar de força motriz para o surgimento de pessoas aptas a modificar a realidade na direção do bem comum. Nesse sentido, o processo de formação de leitores deve ocorrer tendo como objetivo o desenvolvimento pleno dos alunos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino da língua Portuguesa de acordo com COIMBRA (2007), questionou a eficiência de alguns aspectos relacionados à prática docente muitas vezes presentes na rotina escolar, entre as críticas feitas relativas ao ensino fundamental encontram-se:
-Desconsideração da realidade e dos interesses dos alunos;
-A excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de textos;
-O uso do texto como expediente para ensinar valores morais e como pretexto para o tratamento de aspectos gramaticais;
-A excessiva valorização da gramática normativa e a insistência nas regras de exceção, com o consequente preconceito contra as formas de oralidade e as variedades não padrão;
-O ensino descontextualizado da metalinguagem normalmente associados a exercícios mecânicos de identificação de fragmentos linguísticos em frases soltas;
-A apresentação de uma teoria gramatical inconsistente, uma espécie de gramática tradicional, mitigada e facilitada.
Nesse sentido, as ações pretendidas com o desenvolvimento do projeto  Literarte visam ir na contra mão das práticas educacionais voltadas ao ensino da língua portuguesa e consequente contato com a linguagem escrita desenvolvidas a partir de atividades descontextualizadas, esvaziadas de significados, que acabam por distanciar o aluno dessa forma tão rica e essencial de comunicação. 
O projeto apresenta como objetivo principal desenvolver atividades que promovam uma aproximação do participante com a arte literária e demais expressões artísticas que se relacionam com a Literatura, no intuito principal de contribuir para o surgimento de uma concepção e prática educacional que ultrapasse a simples transmissão de conhecimento, para suprir a necessidade pungente que temos enquanto sociedade de formar futuros cidadãos. 

METODOLOGIA
“ Chega mais perto  e contempla as palavras
Cada uma
Tem mil faces secretas sob a face neutra
E te pergunta, sem interesse pela resposta,
Pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?”   ANDRADE (1945) 
O trecho do poema “Procura da Poesia”, nos convida a um encontro com as palavras, pedindo ao leitor que as espreite, as quais sabemos podem guardar “sob a face neutra” riquezas magníficas e inesperadas. As atividades do projeto deverão acontecer com o intuito de dar aos participantes essa chave, habilitá-los a desfrutar desses tesouros.
 Didaticamente seguiremos três direções de atividades: a leitura de textos de diversos gêneros textuais, a produção de textos e expressões artísticas com diversas técnicas de artes individuais e coletivas e a publicação desses. Essas atividades inicialmente irão ocorrer em encontros semanais no decorrer de uma hora aula, havendo a possibilidade de ampliarmos os encontros de acordo com a necessidade e vontade dos participantes.
 No processo de formação de leitores cabe a escola, além da família, direcionar as crianças a ações que as façam gostar de ler. Assim as atividades de leitura devem priorizar textos que de alguma forma (humor, fantasia, identificação, expectativa...) desperte o interesse dos alunos. Os momentos de leitura nos encontros do projeto serão direcionados para possibilitar a compreensão do texto, valorizando as vivências e saberes dos participantes bem como a fala dos mesmos.
FREIRE(2006), afirma a respeito do processo que nos leva ao hábito de ler: “...Processo que envolve uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
Assim, evidencia-se que para que se leia um texto e compreenda o que está escrito, não é o bastante decifrar os sons da escrita, e tampouco é suficiente saber apenas o significado individual das palavras. A compreensão de um texto é feita, a partir das relações entre as palavras, as frases, o contexto, as entrelinhas, a interpretação e a vivência do leitor.
 Partindo de uma compreensão de que a formação de usuários competentes da linguagem escrita é fator indispensável ao exercício de cidadania e entendendo que essa formação se dá de maneira mais eficaz quando ocorre respeitando a subjetividade, os saberes e os interesses dos alunos, há que se ter um completo respeito à voz e aos desejos dos participantes dos encontros do projeto. Para tanto, atividades que permitam ao aluno expressar suas impressões no tocante aos textos trazidos aos encontros deverão ser constantes para contribuir e direcionar as ações do projeto ao seu objetivo de formar leitores através da criação de um vínculo afetivo com a linguagem escrita.
 A criação e uso de métodos de avaliação dos textos por parte dos alunos serão aplicadas respeitando a faixa etária e etapas de desenvolvimento dos mesmos fazendo com que o aluno exerça o papel de crítico literário, podendo assim colocar-se como protagonista do processo, exercitando e desenvolvendo criticidade. Painéis onde possam fixar critérios de pontuação aos textos, produção de textos individuais com o objetivo de expressar opinião a respeito do que foi lido, rodas de conversas, criação de um espaço onde haja liberdade para partilhar leituras e demais expressões artísticas que encontrem em outros ambientes fora da escola... São exemplos de atividades práticas que vão de encontro a esse intuito.
 Em relação às atividades de produção de textos e ilustrações e demais produções realizadas nos encontros semanais, a proposta é a de dar voz aos alunos a medida que a linguagem escrita e artística se torne mais familiar e presente em seus cotidianos. Quanto à produção de texto na escola, GERALDI(2002) apresenta algumas condições necessárias. Segundo ele é preciso que o aluno tenha o que dizer, que tenha uma razão para dizer, que tenha para quem dizer. Que possa constituir-se em sujeito, assumindo a responsabilidade da palavra e que sejam escolhidas pelo educador estratégias adequadas à promoção de oportunidades em que o aluno assuma seu papel de escritor dotado de voz.
 O intuito da escrita e da produção artística nos encontros do projeto é o de facilitar a produção de textos e a livre expressão do aluno, dando-lhe as condições para tornar-se um escritor e comunicador competente, que cria significados ao invés de simplesmente reproduzir os textos e imagens que lê. Portanto, essa produção deverá ocorrer de forma espontânea, o participante do projeto não irá escrever para receber uma nota, ou atender uma exigência da instituição ou do educador. Antes sim deverá escrever para se comunicar livremente, dar vazão e voz aos seres que vivem em sua imaginação.
Assim, para se oportunizar esse exercício de livre expressão deve-se apresentar o conceito de arte enquanto forma de comunicação, expondo que quando um artista pinta um quadro, toca uma música, encena uma história, cinzela uma escultura, escreve sua obra... Ele partilha com o mundo seus sentimentos, pontos de vista, ideais. E, consequentemente, o individuo que se depara com a arte, se prestar atenção, pode ouvir a voz do artista falando direto aos seus sentimentos. Essa comunicação, entre autor e leitor muitas vezes é responsável por gerar nas pessoas um desejo de se expressar, que deverá ser saciado nos encontros do projeto. Todos têm algo a dizer, e é isso que impulsiona a outra abordagem das atividades do projeto, a publicação dos textos, ilustrações e demais expressões artísticas produzidas pelos participantes.
“Escrever é tornar público”, sempre ouvi essa frase na fala de minha mãe, e hoje através de minhas próprias vivências percebo que a linguagem escrita é na sua essência uma via de comunicação onde cabe tudo, dos sentimentos mais ferozes a nobreza do amor. Toda dor e alegria, a crueza da realidade e a mais inusitada fantasia, tudo cabe no universo das palavras. E toda essa miscelânea de sentimentos e realidades se torna dinâmica e viva quando conversa com a vivência do leitor.
Na prática, para promovermos esse diálogo entre a escrita dos participantes e seus possíveis leitores pretendemos fazer uso de dois meios de comunicação: a exposição em murais e momentos promovidos na escola com a intenção de partilhar as obras dos participantes e também a criação de um blog.
PAREJA (3013) define esse espaço midiático de comunicação e pontua o seu uso no processo educacional da seguinte forma: “É um modo de comunicação assíncrona e com arquivamento dos dados para consulta. Podem-se colocar imagens e links e desenhar a página de apresentação com criatividade. É possível a interação, uma vez que os leitores podem fazer comentários ou críticas sobre tudo o que foi postado pelo dono do blog, conhecido como ‘blogueiro’. Caracteriza-se como um diário virtual público, logo as postagens podem ser diárias e aparecem numa ordem cronológica reversa, ou seja, a mais atual aparece sempre em primeiro lugar. Esse gênero foi rapidamente assimilado para os mais diversos fins e conteúdos como a divulgação de serviços diversos, e assuntos Literários, Políticos, religiosos, culinários... O blog, no ambiente escolar, pode contribuir consideravelmente para o processo de ensino aprendizagem, pois dá autonomia ao aluno na construção do conhecimento da área, permite a troca de informações entre os pares e a comunidade, melhora a escrita e a leitura e amplia a pesquisa.”
A utilização dessa ferramenta de comunicação deverá oportunizar a criação do blog como um espaço para publicação tanto dos escritos dos participantes quanto de relatórios das demais atividades do projeto, com o intuito de partilhar essa experiência com a comunidade e todos os interessados em educação e cultura, uma vez que a internet é uma mídia capaz de alcançar um público diverso e amplo, à medida que torna suas publicações acessíveis a indivíduos do mundo inteiro de forma fácil e instantânea.
Acredito que o blog pode representar instrumento poderoso capaz de integrar a comunidade e a escola, o que certamente irá estreitar os laços, valorizando o trabalho dos alunos e contribuindo assim para a autoestima das crianças. A intenção desse espaço midiático é o de tornar-se uma via de comunicação, um terreno livre, feito com a participação de todos os envolvidos no projeto, para compartilhar com o mundo o contato desses com a arte.
 No escopo de conferir flexibilidade em relação aos temas que surgirem a medida que os interesses e desejos dos participantes se revelem as atividades do projeto serão desenvolvidas a partir de planejamentos semanais, encontro a encontro, para que se possibilite a participação plena das crianças como protagonistas do processo. Desempenhando esse papel tanto na participação das atividades quanto na escolha coletiva dos temas e abordagens surgidos nos encontros. Planejamentos e relatórios de encontros deverão ser produzidos e reportados a equipe pedagógica da escola como forma de registro e consequente observação das atividades desenvolvidas a fim de se criar um espaço dialógico com os demais professores capaz de enriquecer o projeto como um todo ao promovermos uma prática interdisciplinar, posto que, temas relativos a diversas disciplinas possam ser comtemplados na execução das atividades.
O público alvo desse projeto são os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental, matriculados na escola Moderna Associação Pontaporanense de Ensino, em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul). Maiores definições no tocante as questões práticas do desenvolvimento do projeto, como horário,  escolhas de obras a serem utilizadas, conteúdos e afins, deverão ser desenvolvidas a partir de conversas realizadas com os educadores da escola em questão. 
CONSIDERAÇÕES 
O projeto Literarte, origina-se do projeto Brincar de Ler que já foi desenvolvido com bons resultados na fazenda União (Maracaju, MS), e na escola municipal Professora Irma de lima Matos (Maracaju, MS). Na fazenda União o projeto foi desenvolvido com o apoio do Instituto Tortuga, diferindo do projeto atual no que diz respeito às atividades de publicação, visto que não publicamos a produção dos participantes na rede mundial de computadores e sim ao final do projeto produzimos um livreto através de escrita coletiva.
 Na escola Municipal Professora Irma de Lima Matos a produção realizada pelos participantes foi veiculada no Blog Sexta da Leitura, que pode ser visualizado acessando o Link: http://www.sextadeleitura.blogspot.com.br/.
Uma relação com atividades a serem desenvolvidas nos encontros iniciais do projeto Literarte, bem como atividades usais que constituem uma certa rotina prazerosa de atividades será disponibilizada aos educadores da escola Mappe. Valido expor que assim como toda essa proposta essa relação de atividades encontra-se aberta a sugestões e reflexões sobre o conteúdo e forma de desenvolvimento das atividades propostas.
Na expectativa, de que o projeto Literarte irá ser implantado na escola Moderna Associação Pontaporanense de Ensino ( Ponta Porã – MS) com os mesmos bons resultados que obtive nas experiências anteriores com o Projeto Brincar de Ler encerro esse documento, grata pela oportunidade de expô-lo e pondo-me a disposição para maiores esclarecimentos através do e-mail angelafakir@hotmail.com. 

Angela Fakir



REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio De Janeiro. J. Olympio, 1945

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Brasília: MEC, 1997.

COIMBRA, Gislaine Bezerra. A formação de um leitor competente: um estudo sobre a prática de ensino de professores de quinta série. Presidente Prudente- São Paulo, UNOESTE, 2007

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler.  São Paulo.Cortez editora, 2006

GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos ideias, construtivismo em revista. São Paulo:F.D.E.,1993

GERALDI, J. W. ( Org.). O texto na sala de aula: Leitura e produção. Cascavel. Assoeste, 1984.

MELLO, Cláudio José De Almeida. Do incentivo a leitura: teoria da Literatura, metodologia do ensino e a formação do leitor em questão. Cadernos de letras da UFF, 2010


PAREJA,Cleide J. M. . Leitura e escrita na era digital.Curitiba. Fael editora, 2013.