sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bazinga - História improvisada


A história a seguir  foi criada pelos alunos do oitavo ano B da escola Mappe, através de uma brincadeira chamada “história improvisada” , as palavras destacadas em vermelho foram sorteadas em um conjunto de palavras que escrevemos para  inserir na narrativa. (Você pode saber mais sobre essa atividade acessando o Link :
Acompanhe o Alienados da leitura, para saber mais sobre o vírus mutante que transforma as pessoas em zumbi, o triângulo amoroso entre Sérgio sua esposa e Luan Santana, e  muitas outras histórias que irão surgir por aqui...




Sérgio era um excelente otorrinolaringologista e tinha muita paixão por olhos ouvidos e garganta. Certo dia entrou no consultório dele uma moça sem voz, ele  fez um encantamento para curar a voz dela dando amoras para ela comer.
Então a esposa do Sérgio chegou ao consultório, viu o encantamento e ficou com ciúmes, iniciando uma briga e jogando objetos para todos os lados. Ela ficou louca, pegou a guitarra e começou a tocar rock n’ roll.  Quando se cansou de tocar rock  começou a zoar o homem, que ficou injuriado e  disse:  Bazinga.
 Eles voltaram a brigar e a mulher do Sérgio disse que tinha um amante que se chamava Luan Rafael Domingos Santana, e que o amante havia lhe dado o céu e o mar pra roubar o coração dela. Após descobrir que a mulher tinha um amante jogou-a na parede e bateu nela, após a briga eles se separaram e como ele sentiu falta dela  resolveram  se encontrar e em um  jantar  reataram a amizade, e foram comer um abacaxi.   Então sentiu se encantar pela mulher novamente, depois que saíram do restaurante, foram embora num Opala. Pararam numa sorveteria e comeram uma banana Split, Sérgio tentou seduzir a mulher enquanto comia a banana. Ela sentiu raiva ao ver aquela cena e resolveu cancelar a banana Split e pedir um chocolate. Ela saiu da sorveteria e caiu de joelho no chão e quebrou a boca, em consequência disso a humanidade virou zumbi, pois  ela sangrou e no sangue que escorreu pela calçada havia um vírus mutante.

         Então ele pegou um paralelepípedo para matar zumbis e o sangue dos zumbis parecia sorvete. Apareceu um urso e atacou todos os zumbis. Os sobreviventes que não estavam infectados pelo vírus adotaram um jacaré para matar os zumbis, o jacaré levantou para comer os zumbis viu que tinham muitas morenas, então desistiu de comer os zumbis e saiu com as morenas passeando no parque.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Aliens na leitura - Relatório de encontro



Na manhã de 15/08/2013 criamos esse espaço, já havíamos conversado sobre ele no encontro anterior com a professora Angela Fakir que apresentou o  projeto Literarte ( veja mais em http://alienadosdaleitura.blogspot.com.br/2013/08/texto-transcrito-da-proposta-inicial-do.html  ).
Nesse primeiro momento, conversamos sobre o quanto a arte literária é especial à medida que nos proporciona uma conversa com o nosso interior. Quando lemos nosso pensamento cria livremente.  Por isso chegamos a conclusão naquela nossa conversa que a literatura é uma arte livre, por conta de ser uma arte que não vem pronta ela acaba de acontecer na imaginação e no pensamento da gente. E, sabemos que por mais que haja opressão e amarras de todos os tipos o pensamento sempre pode ser livre. Naquele dia não conseguimos criar o blog como nossos colegas das outras turmas, tivemos algumas dificuldades com a conexão da internet por isso fizemos isso uma semana depois.
Batizamos o blog de Alienados da leitura não por que estamos alheios à realidade, mas por que esse espaço vai ser tão bom, nossas leituras, artes e escritos serão uma coisa de outro mundo, de modo que não ficaremos surpresos se até os aliens se entusiasmem pela literatura...


quinta-feira, 15 de agosto de 2013


*texto transcrito da proposta inicial do projeto Literarte


 INTRODUÇÃO


... A literatura pode ser entendida como uma expressão artística, a arte das palavras. Como uma manifestação de sentimentos, sensações, impressões, e como a expressão lírica de um artista da palavra. Ela provoca deleite...” (PARREIRAS, NINFA., 2009) 
                Segundo PARREIRAS (2009), a Literatura pode ser entendida enquanto expressão artística, capaz de como tal provocar sensações, trazer o deleite, a autora ressalta uma característica importante que distingue a arte literária das demais. A literatura é arte que impõe ao leitor um pré-requisito, uma condição. Para essa arte há que se ter a compreensão de um código. É necessário ser alfabetizado.
                Dessa forma o contato da criança com a literatura passa pelo intermédio de um adulto. Quer seja na ação de ler, quando os pequenos ainda não são alfabetizados, quer seja para viabilizar o acesso da criança ao livro, e consequentemente irá influenciar o processo de formação de leitores a medida que a criança cresce e se desenvolve.
                O projeto Literarte tem por objetivo fundamental promover o encontro dos participantes com essa arte de maneira lúdica, possibilitando que a linguagem escrita  e a literatura seja apresentada como manifestação artística que é. Daí o nome do projeto mesclar as palavras Literatura e arte em um neologismo. Queremos mostrar que adentrar ao universo literário pode ser tão prazeroso quanto uma brincadeira, que muito mais que uma ferramenta para aprendizagem a linguagem escrita é também linguagem artística, capaz de nos tocar e despertar em nós alegrias e afetos.
                Sabemos que, em linhas gerais, a literatura desempenha um papel importante no sentido de desalienar a leitor, contribuindo para o desenvolvimento de criticidade fundamental ao exercício de cidadania capaz de gerar o enfrentamento as mazelas sociais presentes em nossa realidade. Nessa proposta, o caminho que a linguagem escrita deverá percorrer é uma forma de interagir, e não meramente a análise vazia de um conjunto de informações a cerca do texto lido.
   Acredito que educadores munidos da vontade de promover o desenvolvimento de um vínculo afetivo entre alunos e diferentes formas de linguagens artísticas podem realmente leva-los a ampliarem e aproximarem seus olhares para a literatura e para a arte de um modo geral. Transformando-os em leitores e escritores, dotados de criticidade, aptos a percepção do belo, hábeis em comunicar-se. Capazes de tocar e modificar o mundo a sua volta.
Esse documento pretende expor uma proposta inicial de atividades, a serem desenvolvidas em prol do processo de formação de leitores competentes entre os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental matriculados na instituição Moderna Associação Pontaporanense de Ensino (Mappe).
 Cabe expressar que o projeto é para os alunos e realizado a partir da participação dos mesmos, da escola e da interação com a comunidade escolar como um todo, permitindo dessa forma, passar por alterações para se adequar a vontade e realidade dos envolvidos, a fim de trazer uma melhor experiência aos participantes promovendo a oportunidade de desenvolver habilidades e construção de conhecimentos da linguagem escrita a medida em que se crie um vínculo afetivo dos mesmos com o universo literário e das artes visuais. Entendendo vínculo afetivo apropriando-se do conceito de afetividade formulado por Wallon de que segundo GALVÃO “afetividade é a capacidade e a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a tonalidade agradáveis e desagradáveis.” (GALVÃO, I. 1993).

OBJETIVOS
Para tornar os alunos bons leitores - para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a ‘aprender fazendo’. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente (BRASIL, 1997, p. 43). 
 Para desenvolver o hábito da leitura, entre outras coisas, há que se estabelecer um vínculo afetivo, há que se gostar de ler. Existe uma fala comum entre educadores e pessoas em geral de que essa geração de crianças não está desenvolvendo o hábito de ler e já se encontram inseridos no ambiente tecnológico cada vez mais cedo. Tecnologias de comunicação tem se tornado cada vez mais acessíveis, crianças aprendem a usar celulares e computadores muito cedo, antes inclusive de serem alfabetizadas. As facilidades que essas máquinas e a internet nos propiciam hoje podem ser importantes ferramentas para o dia a dia, e na escola não seria diferente, o uso de computadores está cada vez mais inserido no ambiente escolar, como um instrumento facilitador do aprendizado.
Além disto, o modo de produção e cultura de consumo nos quais estamos inseridos cria um cotidiano acelerado que acaba por gerar uma crescente escassez de tempo livre. A exigência de uma administração do tempo no intuito de se cumprir as tarefas e compromissos assumidos para se “ganhar a vida” acaba por se mostrar um fator excludente do hábito de ler na rotina dos adultos. Sabemos que o hábito da leitura pode ser passado de uma geração a outra através do exemplo, se a criança é estimulada desde a infância para a leitura, seja por ouvir histórias, ter acesso a livros e demais veículos da linguagem escrita ou ver adultos praticando a leitura como ato prazeroso, terá potencial para se tornar um leitor.
Dessa forma, uma vez que os adultos com os quais as crianças convivem, geralmente, não possuem o hábito de ler nem demonstram qualquer familiaridade com a arte literária o surgimento do contato com a linguagem escrita acaba muitas vezes acontecendo tardiamente, à medida que esse contato vem constantemente sendo transferido para a escola de maneira praticamente exclusiva.
 Assim, o espaço destinado à linguagem escrita na vida das crianças acaba sendo restrito e limitado aos interesses da aprendizagem no ambiente escolar, um espaço infinitamente menor do que essa linguagem pode ocupar na formação e na vivência de cada individuo. 
MELLO (2010) aponta que “Apesar das iniciativas de pesquisa desenvolvidas no Brasil desde a década de 1980, o panorama brasileiro na área da leitura literária ainda é de desencanto. De acordo com dados do Ministério da Cultura, o brasileiro lê apenas 1,8 livros per capita/ano, índice que, se comparado com países europeus, ou mesmo com vizinhos latino-americanos, como a Colômbia, com 3,4 livros por ano por habitante, revela o quanto estamos aquém do mínimo desejável. De fato, as crianças passam pelas nossas escolas e, do ponto de vista do interesse pela literatura, em certos casos saem piores do que entraram, pois, quando chegam as primeiras series, demonstram um fascínio pela leitura, que diminui na proporção inversa da escolarização da literatura; quando deixam o Ensino Fundamental, já não soa estranho ouvir dizerem que não gostam de ler...”.
       Os últimos resultados da prova ABC (http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/alfabetizacao-745002.shtml) demonstram algo que os educadores em geral já sabem por presenciarem no cotidiano escolar: o fato de muitas crianças brasileiras não estarem atingindo o desenvolvimento esperado para suas idades e estágios de desenvolvimento cognitivo. De acordo com o PANAIC (pacto nacional pela alfabetização na idade certa), toda criança brasileira deve estar plenamente alfabetizada ao alcançar a idade de oito anos, ao final do terceiro ano do ensino fundamental. A prova ABC, no entanto, indica que mais da metade das crianças no Brasil não sabem ler e escrever adequadamente. Embora nessa idade muitas crianças sejam capazes de identificar letras, sílabas e palavras, em muitas vezes falta-lhes dominar as habilidades necessárias para estarem plenamente alfabetizadas como:
Na leitura
-identificar o tema do texto;
-localizar informações explícitas e entender  informações implícitas;
-identificar diferentes personagens;
-estabelecer relações de causa consequência explícitas no texto;
E, na escrita
-relacionar informações verbais e não verbais na leitura
- adequação ao tema e gênero textual solicitado;
-organização lógica entre as partes o texto e adequação ao registro escrito, ainda que com desvios de ortografia, vocabulário e pontuação.

Atividades que apresentem o ato de ler como algo positivo e agradável, ao invés de mera obrigação necessária a aprendizagem só tem a contribuir a mudança desse quadro no caminho de se formar uma relação diferente da que se apresenta atualmente entre os alunos e a linguagem escrita.
E, não se trata de estabelecer aqui relações de culpas ou elencar responsáveis pelo atual cenário brasileiro no que diz respeito aos processos que podem levar a formação de leitores. Antes sim, faço uso dessa reflexão para chegar a um entendimento _ que justifica e impulsiona o desenvolvimento desse projeto _ de que se buscamos, enquanto educadores, promover uma prática docente que vise a educação integral  a fim de formar indivíduos capazes de exercer cidadania e construir novos e melhores arranjos sociais urge que nossas ações no cotidiano escolar ultrapasse os limites da mera transmissão de conhecimentos úteis a formação de mão de obra mais ou menos qualificada e alcance um patamar de força motriz para o surgimento de pessoas aptas a modificar a realidade na direção do bem comum. Nesse sentido, o processo de formação de leitores deve ocorrer tendo como objetivo o desenvolvimento pleno dos alunos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino da língua Portuguesa de acordo com COIMBRA (2007), questionou a eficiência de alguns aspectos relacionados à prática docente muitas vezes presentes na rotina escolar, entre as críticas feitas relativas ao ensino fundamental encontram-se:
-Desconsideração da realidade e dos interesses dos alunos;
-A excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de textos;
-O uso do texto como expediente para ensinar valores morais e como pretexto para o tratamento de aspectos gramaticais;
-A excessiva valorização da gramática normativa e a insistência nas regras de exceção, com o consequente preconceito contra as formas de oralidade e as variedades não padrão;
-O ensino descontextualizado da metalinguagem normalmente associados a exercícios mecânicos de identificação de fragmentos linguísticos em frases soltas;
-A apresentação de uma teoria gramatical inconsistente, uma espécie de gramática tradicional, mitigada e facilitada.
Nesse sentido, as ações pretendidas com o desenvolvimento do projeto  Literarte visam ir na contra mão das práticas educacionais voltadas ao ensino da língua portuguesa e consequente contato com a linguagem escrita desenvolvidas a partir de atividades descontextualizadas, esvaziadas de significados, que acabam por distanciar o aluno dessa forma tão rica e essencial de comunicação. 
O projeto apresenta como objetivo principal desenvolver atividades que promovam uma aproximação do participante com a arte literária e demais expressões artísticas que se relacionam com a Literatura, no intuito principal de contribuir para o surgimento de uma concepção e prática educacional que ultrapasse a simples transmissão de conhecimento, para suprir a necessidade pungente que temos enquanto sociedade de formar futuros cidadãos. 

METODOLOGIA
“ Chega mais perto  e contempla as palavras
Cada uma
Tem mil faces secretas sob a face neutra
E te pergunta, sem interesse pela resposta,
Pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?”   ANDRADE (1945) 
O trecho do poema “Procura da Poesia”, nos convida a um encontro com as palavras, pedindo ao leitor que as espreite, as quais sabemos podem guardar “sob a face neutra” riquezas magníficas e inesperadas. As atividades do projeto deverão acontecer com o intuito de dar aos participantes essa chave, habilitá-los a desfrutar desses tesouros.
 Didaticamente seguiremos três direções de atividades: a leitura de textos de diversos gêneros textuais, a produção de textos e expressões artísticas com diversas técnicas de artes individuais e coletivas e a publicação desses. Essas atividades inicialmente irão ocorrer em encontros semanais no decorrer de uma hora aula, havendo a possibilidade de ampliarmos os encontros de acordo com a necessidade e vontade dos participantes.
 No processo de formação de leitores cabe a escola, além da família, direcionar as crianças a ações que as façam gostar de ler. Assim as atividades de leitura devem priorizar textos que de alguma forma (humor, fantasia, identificação, expectativa...) desperte o interesse dos alunos. Os momentos de leitura nos encontros do projeto serão direcionados para possibilitar a compreensão do texto, valorizando as vivências e saberes dos participantes bem como a fala dos mesmos.
FREIRE(2006), afirma a respeito do processo que nos leva ao hábito de ler: “...Processo que envolve uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
Assim, evidencia-se que para que se leia um texto e compreenda o que está escrito, não é o bastante decifrar os sons da escrita, e tampouco é suficiente saber apenas o significado individual das palavras. A compreensão de um texto é feita, a partir das relações entre as palavras, as frases, o contexto, as entrelinhas, a interpretação e a vivência do leitor.
 Partindo de uma compreensão de que a formação de usuários competentes da linguagem escrita é fator indispensável ao exercício de cidadania e entendendo que essa formação se dá de maneira mais eficaz quando ocorre respeitando a subjetividade, os saberes e os interesses dos alunos, há que se ter um completo respeito à voz e aos desejos dos participantes dos encontros do projeto. Para tanto, atividades que permitam ao aluno expressar suas impressões no tocante aos textos trazidos aos encontros deverão ser constantes para contribuir e direcionar as ações do projeto ao seu objetivo de formar leitores através da criação de um vínculo afetivo com a linguagem escrita.
 A criação e uso de métodos de avaliação dos textos por parte dos alunos serão aplicadas respeitando a faixa etária e etapas de desenvolvimento dos mesmos fazendo com que o aluno exerça o papel de crítico literário, podendo assim colocar-se como protagonista do processo, exercitando e desenvolvendo criticidade. Painéis onde possam fixar critérios de pontuação aos textos, produção de textos individuais com o objetivo de expressar opinião a respeito do que foi lido, rodas de conversas, criação de um espaço onde haja liberdade para partilhar leituras e demais expressões artísticas que encontrem em outros ambientes fora da escola... São exemplos de atividades práticas que vão de encontro a esse intuito.
 Em relação às atividades de produção de textos e ilustrações e demais produções realizadas nos encontros semanais, a proposta é a de dar voz aos alunos a medida que a linguagem escrita e artística se torne mais familiar e presente em seus cotidianos. Quanto à produção de texto na escola, GERALDI(2002) apresenta algumas condições necessárias. Segundo ele é preciso que o aluno tenha o que dizer, que tenha uma razão para dizer, que tenha para quem dizer. Que possa constituir-se em sujeito, assumindo a responsabilidade da palavra e que sejam escolhidas pelo educador estratégias adequadas à promoção de oportunidades em que o aluno assuma seu papel de escritor dotado de voz.
 O intuito da escrita e da produção artística nos encontros do projeto é o de facilitar a produção de textos e a livre expressão do aluno, dando-lhe as condições para tornar-se um escritor e comunicador competente, que cria significados ao invés de simplesmente reproduzir os textos e imagens que lê. Portanto, essa produção deverá ocorrer de forma espontânea, o participante do projeto não irá escrever para receber uma nota, ou atender uma exigência da instituição ou do educador. Antes sim deverá escrever para se comunicar livremente, dar vazão e voz aos seres que vivem em sua imaginação.
Assim, para se oportunizar esse exercício de livre expressão deve-se apresentar o conceito de arte enquanto forma de comunicação, expondo que quando um artista pinta um quadro, toca uma música, encena uma história, cinzela uma escultura, escreve sua obra... Ele partilha com o mundo seus sentimentos, pontos de vista, ideais. E, consequentemente, o individuo que se depara com a arte, se prestar atenção, pode ouvir a voz do artista falando direto aos seus sentimentos. Essa comunicação, entre autor e leitor muitas vezes é responsável por gerar nas pessoas um desejo de se expressar, que deverá ser saciado nos encontros do projeto. Todos têm algo a dizer, e é isso que impulsiona a outra abordagem das atividades do projeto, a publicação dos textos, ilustrações e demais expressões artísticas produzidas pelos participantes.
“Escrever é tornar público”, sempre ouvi essa frase na fala de minha mãe, e hoje através de minhas próprias vivências percebo que a linguagem escrita é na sua essência uma via de comunicação onde cabe tudo, dos sentimentos mais ferozes a nobreza do amor. Toda dor e alegria, a crueza da realidade e a mais inusitada fantasia, tudo cabe no universo das palavras. E toda essa miscelânea de sentimentos e realidades se torna dinâmica e viva quando conversa com a vivência do leitor.
Na prática, para promovermos esse diálogo entre a escrita dos participantes e seus possíveis leitores pretendemos fazer uso de dois meios de comunicação: a exposição em murais e momentos promovidos na escola com a intenção de partilhar as obras dos participantes e também a criação de um blog.
PAREJA (3013) define esse espaço midiático de comunicação e pontua o seu uso no processo educacional da seguinte forma: “É um modo de comunicação assíncrona e com arquivamento dos dados para consulta. Podem-se colocar imagens e links e desenhar a página de apresentação com criatividade. É possível a interação, uma vez que os leitores podem fazer comentários ou críticas sobre tudo o que foi postado pelo dono do blog, conhecido como ‘blogueiro’. Caracteriza-se como um diário virtual público, logo as postagens podem ser diárias e aparecem numa ordem cronológica reversa, ou seja, a mais atual aparece sempre em primeiro lugar. Esse gênero foi rapidamente assimilado para os mais diversos fins e conteúdos como a divulgação de serviços diversos, e assuntos Literários, Políticos, religiosos, culinários... O blog, no ambiente escolar, pode contribuir consideravelmente para o processo de ensino aprendizagem, pois dá autonomia ao aluno na construção do conhecimento da área, permite a troca de informações entre os pares e a comunidade, melhora a escrita e a leitura e amplia a pesquisa.”
A utilização dessa ferramenta de comunicação deverá oportunizar a criação do blog como um espaço para publicação tanto dos escritos dos participantes quanto de relatórios das demais atividades do projeto, com o intuito de partilhar essa experiência com a comunidade e todos os interessados em educação e cultura, uma vez que a internet é uma mídia capaz de alcançar um público diverso e amplo, à medida que torna suas publicações acessíveis a indivíduos do mundo inteiro de forma fácil e instantânea.
Acredito que o blog pode representar instrumento poderoso capaz de integrar a comunidade e a escola, o que certamente irá estreitar os laços, valorizando o trabalho dos alunos e contribuindo assim para a autoestima das crianças. A intenção desse espaço midiático é o de tornar-se uma via de comunicação, um terreno livre, feito com a participação de todos os envolvidos no projeto, para compartilhar com o mundo o contato desses com a arte.
 No escopo de conferir flexibilidade em relação aos temas que surgirem a medida que os interesses e desejos dos participantes se revelem as atividades do projeto serão desenvolvidas a partir de planejamentos semanais, encontro a encontro, para que se possibilite a participação plena das crianças como protagonistas do processo. Desempenhando esse papel tanto na participação das atividades quanto na escolha coletiva dos temas e abordagens surgidos nos encontros. Planejamentos e relatórios de encontros deverão ser produzidos e reportados a equipe pedagógica da escola como forma de registro e consequente observação das atividades desenvolvidas a fim de se criar um espaço dialógico com os demais professores capaz de enriquecer o projeto como um todo ao promovermos uma prática interdisciplinar, posto que, temas relativos a diversas disciplinas possam ser comtemplados na execução das atividades.
O público alvo desse projeto são os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental, matriculados na escola Moderna Associação Pontaporanense de Ensino, em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul). Maiores definições no tocante as questões práticas do desenvolvimento do projeto, como horário,  escolhas de obras a serem utilizadas, conteúdos e afins, deverão ser desenvolvidas a partir de conversas realizadas com os educadores da escola em questão. 
CONSIDERAÇÕES 
O projeto Literarte, origina-se do projeto Brincar de Ler que já foi desenvolvido com bons resultados na fazenda União (Maracaju, MS), e na escola municipal Professora Irma de lima Matos (Maracaju, MS). Na fazenda União o projeto foi desenvolvido com o apoio do Instituto Tortuga, diferindo do projeto atual no que diz respeito às atividades de publicação, visto que não publicamos a produção dos participantes na rede mundial de computadores e sim ao final do projeto produzimos um livreto através de escrita coletiva.
 Na escola Municipal Professora Irma de Lima Matos a produção realizada pelos participantes foi veiculada no Blog Sexta da Leitura, que pode ser visualizado acessando o Link: http://www.sextadeleitura.blogspot.com.br/.
Uma relação com atividades a serem desenvolvidas nos encontros iniciais do projeto Literarte, bem como atividades usais que constituem uma certa rotina prazerosa de atividades será disponibilizada aos educadores da escola Mappe. Valido expor que assim como toda essa proposta essa relação de atividades encontra-se aberta a sugestões e reflexões sobre o conteúdo e forma de desenvolvimento das atividades propostas.
Na expectativa, de que o projeto Literarte irá ser implantado na escola Moderna Associação Pontaporanense de Ensino ( Ponta Porã – MS) com os mesmos bons resultados que obtive nas experiências anteriores com o Projeto Brincar de Ler encerro esse documento, grata pela oportunidade de expô-lo e pondo-me a disposição para maiores esclarecimentos através do e-mail angelafakir@hotmail.com. 

Angela Fakir



REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio De Janeiro. J. Olympio, 1945

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Brasília: MEC, 1997.

COIMBRA, Gislaine Bezerra. A formação de um leitor competente: um estudo sobre a prática de ensino de professores de quinta série. Presidente Prudente- São Paulo, UNOESTE, 2007

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler.  São Paulo.Cortez editora, 2006

GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos ideias, construtivismo em revista. São Paulo:F.D.E.,1993

GERALDI, J. W. ( Org.). O texto na sala de aula: Leitura e produção. Cascavel. Assoeste, 1984.

MELLO, Cláudio José De Almeida. Do incentivo a leitura: teoria da Literatura, metodologia do ensino e a formação do leitor em questão. Cadernos de letras da UFF, 2010


PAREJA,Cleide J. M. . Leitura e escrita na era digital.Curitiba. Fael editora, 2013.