Às três horas e
vinte e quatro minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nasce em
Lisboa Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar direito do n.º 4
do Largo de São Carlos, em frente à ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos). De
famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e materno, o pai, Joaquim
de Seabra Pessoa(38), natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério
da Justiça e crítico musical do Diário de Notícias. A mãe, D. Maria
Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), era natural dos Açores. Viviam
com eles a avó Dionísia, doente mental, e duas criadas velhas, Joana e Emília.
As suas infância e
adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às
cinco horas da manhã de 24 de Julho de1893, o pai morreu, com 43 anos,
vítima de tuberculoso. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão
Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano.
Fernando Pessoa aos seis anos de idade |
A mãe vê-se
obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se para uma casa mais modesta, o
terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período que
surgiu o primeiro heterônimo de Fernando Pessoa, Chevalier de
Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de
1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterônimos Ainda
no mesmo ano, escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil
epígrafe de À Minha Querida Mamã. A mãe casa-se pela segunda vez em
1895 por procuração, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, com o comandante João
Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban ( África do sul), que havia
conhecido um ano antes. Em África, onde passa a maior parte da juventude e
recebe educação inglesa, Pessoa viria a demonstrar desde cedo talento para a
literatura.
Padrasto e mãe de Fernando Pessoa |
Em razão do
casamento, viaja com a mãe para Durban, acompanhados por um tio-avô, Manuel
Gualdino da Cunha, que voltaria para Lisboa no mês seguinte. Viajam no navio
Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao
Cabo da Boa Esperança. Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas
da West Street, onde fez a primeira comunhão, e percorre em dois anos o
equivalente a quatro.
Em 1899 ingressa
no Liceu de Durban, onde permanecerá durante três anos e será um dos
primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o pseudônimo Alexander
Search através do qual envia cartas a si mesmo. No ano de 1901, é aprovado com
distinção no primeiro exame Cape School High Examinatione escreve
os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã Madalena
Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal, para um
ano de férias. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da irmã. Em
Lisboa, mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º
109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João Maria, quarto filho do
segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a família à Ilha Terceira,
nos Açores, onde vive a família materna. Deslocam-se também a
Tavira para visitar os parentes paternos. Nessa época, escreve o
poema Quando ela passa.
Tendo de dividir a
atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o
que lhe propicia momentos de reflexão.
Fernando Pessoa
permanece em Lisboa, enquanto todos — mãe, padrasto, irmãos e criada Paciência,
que viera com ele — regressam a Durban. Volta sozinho para a África no vapor
Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School, escola comercial
de ensino noturno enquanto de dia estuda as disciplinas humanísticas
para entrar na universidade. Nesse período, tenta escrever contos em
inglês, alguns dos quais com o pseudônimo de David Merrick, que deixa
inacabados. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na
prova de exame de admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota
entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso
o Queen Victoria Memorial Prize (Prémio Rainha
Vitória). Um ano depois, ingressa novamente na Durban High School, onde
frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua
cultura, lendo clássicos ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em
inglês, surgindo os heterônimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher.
Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no jornal do liceu um ensaio crítico
intitulado Macaulay. Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos
na África do Sul com o Intermediate Examination in Arts, na Universidade,
obtendo uma boa classificação.
Deixando a família
em Durban, regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905.
Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A
mãe e o padrasto regressam também a Lisboa, durante um período de férias de um
ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em
inglês e, em 1906, matricula-se no Curso superior de letras (atual
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer
completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contato com importantes
escritores portugueses.
Em Agosto de 1907,
morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta
uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de
Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor, que rapidamente vai
à falência. A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência
comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de "correspondente
estrangeiro". Nessa atividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta
vida pública.
Inicia a sua
atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo A Nova Poesia Portuguesa
Sociologicamente Considerada, a que se seguiriam Reincidindo… e A Nova Poesia
Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico publicados em 1912 pela revista A
Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia
literária que se formou em torno do seu tio adotivo, o poeta,
general aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, em Lisboa.
Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da
Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e
escritores.
Em 1915 participou
na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em
Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou
apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com
o heterônimo Álvaro de Campos. No segundo número da
Orpheu, Pessoa assume a direção da revista, juntamente com Mário de
Sá-Carneiro.
Em Outubro de
1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a
revista Athena, na qual fixou o drama em gente dos seus heterônimos,
publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como
do ortônimo Fernando Pessoa.
Pessoa foi
internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses,
em Lisboa, com diagnóstico de "cólica hepática" causada por cálculo
biliar associado a cirrose hepática, diagnóstico que é hoje contestado
por estudos médicos, embora o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida
seja consensualmente considerado como um importante fator causal.
Segundo um desses estudos, Pessoa não revelava alguns dos sintomas mais típicos
de cirrose hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma
pancreatite aguda. Morreu no dia 30 de Novembro, com 47 anos de
idade. Sua última frase foi escrita na cama do hospital, em inglês, com a data
de 29 de Novembro de 1935: "I know not what tomorrow will
bring" ("Não sei o que o amanhã trará").
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa
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